Os jogos digitais rapidamente se tornaram uma das formas mais populares de mídia entre os adolescentes. Em particular, os jogos online criaram novos espaços para os jovens socializarem com amigos e colegas. Em nossa mais recente Pesquisa Pulse, intitulada “Jogos Digitais e Interação Social”, entrevistamos uma amostra nacional de mais de 1.300 adolescentes de 13 a 17 anos para entender melhor os cenários e contextos sociais envolvidos em seus jogos de videogame.
Nossas perguntas focaram em várias áreas:
- Contextos Sociais dos Jogos para Adolescentes: Quais são os diferentes contextos sociais em que os adolescentes jogam?
- Comunicação no Contexto dos Jogos: Como os adolescentes se comunicam enquanto jogam?
- Experiência de Jogo: Como os adolescentes vivenciam os diferentes tipos de videogames?
- Relações entre Tipos de Jogos e Funcionamento Social: Quais são as relações entre os diferentes tipos de jogos, a natureza dessas experiências e o impacto no funcionamento social dos adolescentes?
- Diferenças por Gênero: Quais são as diferenças de experiência de jogo entre meninos e meninas?
Este estudo busca fornecer uma visão abrangente de como os jogos digitais influenciam a vida social dos adolescentes, explorando as nuances e diferenças em suas interações e experiências de jogo.
Por que esta abordagem?
Neste estudo, buscamos compreender melhor os aspectos sociais dos jogos digitais, investigando como e onde ocorrem as interações, as plataformas online que as suportam e se essas interações estão relacionadas ao bem-estar social de meninos e meninas. Em particular, este relatório se concentra em como meninos e meninas podem ter experiências diferentes com jogos, especialmente no que diz respeito a relacionamentos e conexões sociais.
Ao explorar essas diferenças, esperamos fornecer orientações e recomendações para maximizar os benefícios sociais dos videogames, reconhecendo a necessidade de estratégias distintas baseadas em características como o gênero. Essas descobertas são essenciais para entender como os jogos digitais podem ser utilizados de forma positiva no desenvolvimento social dos adolescentes.
Principais Conclusões
Comportamento Geral de Jogo
O que Perguntamos: Nós perguntamos aos adolescentes sobre a idade em que começaram a jogar, o tempo médio diário dedicado aos jogos e com que frequência eles se envolvem em diferentes tipos de jogos.
O que Aprendemos: Descobrimos que quase três quartos (73%) dos participantes começaram a jogar entre os 5 e 10 anos de idade. A esmagadora maioria (93%) dos adolescentes da nossa amostra afirmou ter jogado videogames pelo menos uma vez no último mês e relatou jogar, em média, uma hora a mais nos dias não escolares do que nos dias de aula.
Entre os entrevistados, os jogos single player foram os mais comuns e significativamente mais frequentes do que qualquer outro tipo de jogo. Os jogos sociais também eram bastante comuns, com a maioria dos adolescentes relatando jogar para dois jogadores com um amigo ou membro da família durante uma semana típica, seguidos de perto por jogar com um desconhecido.
Interações Sociais Durante os Jogos
O que Perguntamos: Perguntamos com quem os adolescentes jogam e como eles se comunicam durante os jogos.
O que Aprendemos: Nossas descobertas mostram que os jogos não são apenas uma forma de entretenimento, mas também uma maneira de promover e manter interações sociais. Desde conversas prolongadas até o uso estratégico de mensagens rápidas, emojis e ações dos personagens no jogo para trocas breves, os adolescentes demonstraram variedade e flexibilidade na forma como se conectam enquanto jogam. Também aprendemos que, embora o bate-papo no jogo ainda fosse a plataforma mais utilizada para comunicação durante o jogo, as chamadas telefônicas e outras plataformas de bate-papo (como Discord, Slack e WhatsApp) também eram populares.
Experiências de Jogos Sociais
O que Perguntamos: Perguntamos aos participantes sobre suas experiências jogando com outras pessoas.
O que Aprendemos: Uma maioria substancial de adolescentes relatou experiências positivas ao jogar com outras pessoas, independentemente do sexo ou do tipo de jogo. Para cada tipo de jogo, as experiências positivas superaram as negativas, e nenhum tipo específico foi classificado pela maioria dos entrevistados como “inseguro”, “tóxico” ou “negativo”.
A percepção de competitividade versus colaboração, assim como a de jogo individual versus social, variou de acordo com o tipo de jogo e o gênero dos participantes. Quando jogavam com pessoas que já conheciam, os adolescentes avaliaram suas experiências como mais colaborativas e sociais, especialmente em jogos multijogador com amigos e familiares. Em contraste, jogar com estranhos era visto como mais competitivo e individual. Isso sugere que a familiaridade entre os jogadores incentiva a colaboração, enquanto o anonimato ou a falta de familiaridade podem encorajar a competição.
Diferenças de Gênero em Jogos Sociais
O que Investigamos: Analisamos as diferenças nas respostas entre meninos e meninas (as duas únicas categorias de gênero com participantes suficientes para comparações estatísticas significativas).
O que Aprendemos: Os meninos pareciam jogar mais em dispositivos não portáteis, como consoles de jogos, enquanto as meninas gravitam mais em torno de dispositivos portáteis, como smartphones. Além disso, os meninos relataram jogar online com outras pessoas com uma frequência significativamente maior do que as meninas, independentemente do tipo de jogo.
Os meninos tendem a ser mais sociais em todos os tipos de jogo, enquanto as meninas preferem jogar com membros da família. Meninos comunicam mais enquanto jogam online, usando os jogos como meio de interação social. Meninas preferem jogos colaborativos, especialmente com amigos e familiares. Por outro lado, os meninos frequentemente veem essas sessões como mais competitivas, sugerindo motivações e expectativas variadas em relação aos jogos com base no gênero.
Jogos e Solidão
O que Perguntamos: Fizemos várias perguntas aos adolescentes sobre seu funcionamento social e bem-estar, com um foco especial nos sentimentos de solidão.
O que Aprendemos: Nossa análise revelou uma correlação entre a frequência de jogos e a percepção de solidão. Os adolescentes que jogam videogame com mais frequência tendem a relatar níveis mais altos de solidão. Surpreendentemente, os jogos multijogador locais (presenciais) mostraram a correlação mais forte com a solidão. Embora o jogo seja social, pode não substituir completamente a necessidade de interações pessoais, refletindo possíveis sentimentos de isolamento em alguns adolescentes.
Nota Importante: Essas descobertas não significam necessariamente que os jogos causam diretamente a solidão. São necessárias mais pesquisas para compreender melhor essa relação e os fatores que contribuem para a solidão entre os adolescentes.
Conclusão
Nossa pesquisa revela que os jogos vão além do mero entretenimento, tornando-se um centro social essencial para a maioria dos adolescentes. Mais de três quartos dos adolescentes relataram participar de jogos online com amigos e familiares, o que pode ajudar a fortalecer conexões e construir camaradagem. Curiosamente, nossas descobertas destacam uma diferença na forma como meninos e meninas abordam e vivenciam esse aspecto social. Os meninos tendem a preferir experiências multijogador online, gostando de competir com amigos e desconhecidos. Em contraste, as meninas frequentemente preferem uma abordagem mais colaborativa, priorizando sessões de jogo com amigos próximos e familiares.
No entanto, uma implicação importante dessas descobertas é a necessidade de equilíbrio entre interações sociais digitais e presenciais. Embora a maioria dos adolescentes relate experiências positivas ao jogar com outras pessoas, nossas descobertas revelaram uma correlação entre jogos frequentes e sentimentos de solidão. Isso ressalta a importância de garantir que os jogos complementem, em vez de substituir, as interações presenciais. Em outras palavras, é vital para os jovens equilibrar experiências sociais online e offline, apesar de os jogos serem uma ferramenta social poderosa.